Em sua terceira edição, projeto Amazon Vida realizou 402 atendimentos médicos e promoveu palestras e cursos de capacitação com foco na prevenção. Mais de mil famílias da região foram beneficiadas.
Uma missão humanitária cujo objetivo é levar atendimento médico gratuito, capacitação na área da saúde e mais qualidade de vida a comunidades ribeirinhas que vivem às margens do Rio Solimões. Assim é o projeto “Amazon Vida”, fruto da cooperação entre a Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR) e o programa SER SOCIAL (Serviço Estudantil de Responsabilidade Social) do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), que entre o final de junho e o início de julho de 2025, realizou sua terceira expedição a regiões mais isoladas e carentes do estado do Amazonas.
Composta por 19 estudantes de medicina, três professores-médicos e um pastor, a missão humanitária da FEMPAR teve, mais uma vez, papel importante na vida das mais de mil famílias que foram beneficiadas pelo projeto.
A bordo de um barco-hospital equipado com farmácia, consultórios, mesa de parto e outras cirurgias, além de um aparato para atendimentos de emergência, a comitiva concentrou suas atividades em duas comunidades ribeirinhas: Vila do Jacaré, no município de Manacapuru, e Vila do Cuia, em Anamã — localidades distantes até 19 horas de barco da capital Manaus.
No total, foram realizados 402 atendimentos médicos, visitas domiciliares e distribuídos milhares de kits de higiene. Além disso, 276 pessoas participaram de palestras de saúde (especialmente como foco em adolescentes e mulheres) e outras 162 em cursos de capacitação em geriatria. Estas ações ajudaram a multiplicar conhecimentos, principalmente de prevenção.
Fator humanitário é fundamental
O acesso aos serviços de saúde é um complicador para as populações que vivem nas comunidades ribeirinhas visitadas pelo Amazon Vida. As longas distâncias dos locais de atendimento tornam a situação ainda mais difícil. De acordo com o médico especialista em Geriatria e Gerontologia e professor da FEMPAR, Luiz Antônio da Silva Sá, os problemas de saúde mais comuns encontrados nas visitas foram hipertensão, diabetes, verminoses e dores em geral.
Presente em todas as expedições do Amazon Vida como um dos líderes, Luiz Antônio destacou o fator humanitário como um diferencial do projeto. “É um trabalho maravilhoso e muito gratificante, poder ajudar estas pessoas que tanto necessitam, levando atendimento médico até aonde elas estão. Por outro lado, acompanhar essa juventude, esses futuros médicos, podendo ensinar coisas que a gente já aprendeu ao longo desta jornada na medicina, é algo único. É uma experiência única conhecer uma outra localidade, pessoas diferentes, principalmente num lugar ainda tão desconhecido e belo como é o Amazonas”, relata o professor.
Experiência enriquecedora
A pediatra e professora da FEMPAR, Wilma Lilia de Castro e Souza Silva, se deparou com situações desafiadoras durante os atendimentos. “Na pediatria, a educação em saúde é algo fundamental. Observamos ali vários pacientes com erros alimentares, hábitos de vida prejudiciais à saúde como excesso do uso de telas, e necessidade de orientação de cuidados básicos de higiene. Ao mesmo tempo, essa expedição trouxe a oportunidade de refletir sobre o quanto podemos nos adaptar a circunstâncias adversas e praticar a medicina com pouco disponível fazendo muito pelo próximo”, comenta Wilma.
Participando do Amazon Vida pela primeira vez, a Ginecologista e professora da FEMPAR, Juliana de Biagi, classificou a experiência como transformadora, tanto pessoal como profissionalmente. “Lá encontrei uma realidade de pouco acesso à saúde, especialmente na área ginecológica, com muitos casos de falta de acompanhamento, métodos contraceptivos e informação básica. Mesmo assim, percebi a força e a gratidão dessas mulheres. Cada atendimento mostrou o impacto de um cuidado humanizado. Voltei com mais consciência dos desafios e da importância de iniciativas como essa. Foi uma vivência intensa, que levarei para sempre”, afirma.
Aluna do 9º período de medicina da FEMPAR, Isabella Lambert Elias deseja se especializar em pediatria depois de formada. Para ela, participar da expedição no Amazonas foi algo que ficará guardado para sempre na memória. “Foi um presente transformador. Ter a oportunidade de conhecer histórias, trocar carinho e afeto, além de poder praticar o cuidado inserido no lar de alguém, não tem preço. Um pedacinho meu ficou no Amazonas e veio comigo uma vontade imensa de voltar”, comenta.
Projeto que ajuda a transformar vidas
Iniciativa do programa Ser Social (Serviço Estudantil de Responsabilidade Social), do Instituto Presbiteriano Mackenzie, o projeto Amazon Vida chegou em 2025 à sua terceira edição. As outras duas foram realizadas em 2022 e 2024. A ideia nasceu de experiências anteriores do professor Luiz Antônio, que em seus tempos de universitário já tinha atuado como voluntário do Projeto Rondon, nos estados do Piauí, Maranhão e Bahia. “Eu tinha o desejo que meus alunos também pudessem vivenciar experiências como as que eu tive no passado. Em 2021, levei a ideia à nossa diretora da FEMPAR, Carmen Ribas. Ela imediatamente aprovou e se dedicou para que o projeto saísse do papel. Depois de quase um ano de preparação, em 2022 realizamos nossa primeira participação no Amazon Vida, que conta também com a coordenação da professora Susana Ribeiro, outra profissional com papel fundamental nesse processo”, recorda Sá.
