Em 10 anos, número de motoristas com problemas de visão cresce quase 80%

Segundo oftalmologista, tempo de reação reduzido, baixa visibilidade noturna e problemas de profundidade e distância podem contribuir para acidentes de trânsito

Maio é o mês dedicado à prevenção e combate aos acidentes de trânsito, o “Maio Amarelo”. Segundo levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), com base em informações da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), o número de motoristas com problemas de visão cresceu quase 80% em 10 anos. Em 2014, 14,4 milhões de motoristas só podiam conduzir veículos com o uso obrigatório de óculos ou lentes de grau. Dez anos depois, em 2024, esse número subiu para 25,4 milhões – um aumento de 77%.

O levantamento mostra ainda que as restrições visuais respondem por 91% de todas as anotações aplicadas a um total de 27,9 milhões de CNHs emitidas no Brasil. Para a entidade, os números mostram a relevância da saúde ocular para a população e reforçam a necessidade de prevenção e diagnóstico precoce de doenças oculares. Para o oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná, Osny Sedano, problemas de visão podem impactar diretamente a segurança de quem dirige, tanto para o condutor quanto para os outros no trânsito.

“Entre os principais efeitos que distúrbios visuais podem causar ao volante, podemos destacar o tempo de reação reduzido – dificuldade para enxergar sinais, pedestres ou outros veículos pode atrasar decisões importantes no trânsito. A baixa visibilidade noturna é outro grande problema. Doenças como catarata e miopia dificultam a visão em ambientes com pouca luz, aumentando o risco de acidentes à noite. Há ainda os problemas de percepção de profundidade e distância. Alterações na visão binocular, como no estrabismo ou ambliopia, afetam a capacidade de julgar distâncias corretamente”, explica o oftalmologista.

Segundo Dr. Osny, Motoristas devem realizar check-ups oftalmológicos regulares, especialmente após os 40 anos de idade, ou em caso de sintomas como visão turva, dor ocular ou dificuldade para enxergar à noite. “A combinação entre problemas de visão não tratados adequadamente e direção é muito perigosa. É preciso que os motoristas se atentem a isso. Doenças como o glaucoma ou a síndrome do olho seco, por exemplo, podem causar desconforto visual, especialmente com luzes fortes, como os faróis de veículos. Dificuldade de foco e visão embaçada. Erros de refração não corrigidos (miopia, hipermetropia, astigmatismo) comprometem a nitidez da visão”, comenta o especialista.

Quando a visão está comprometida, sinais de trânsito e placas podem passar despercebidos, prejudicando a navegação e a segurança.

O que diz a Lei de Trânsito sobre o assunto

O pedido de inclusão de anotações na Carteira Nacional de Habilitação (CBH) é feito pelo médico do tráfego ao final da avaliação prévia exigida para a concessão ou renovação da carteira. Durante o exame, são analisadas as condições do candidato de conduzir um veículo sem oferecer perigo para outros motoristas, passageiros e pedestres. Entre as aptidões analisadas, estão acuidade visual; campo de visão; capacidade do candidato de enxergar à noite e reagir prontamente – com resposta rápida e segura – ao ofuscamento provocado pelos faróis dos demais veículos; e capacidade de reconhecer as luzes e sua posição nos semáforos.

Com informações da Agência Brasil

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