Brasil tem 1,1 milhão de cegos e 4 milhões de deficientes visuais graves. Campanha destaca importância dos cuidados com a visão

Catarata ainda é a principal causadora da perda de visão em adultos, em 47,8% dos casos. Glaucoma vem na sequência, com 12,3%

Você sabia que entre 60% e 75% dos casos de cegueira e baixa visão poderiam ser evitados se houvesse diagnóstico precoce e tratamento adequado? Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) revelam que o Brasil tem cerca de 1,1 milhão de pessoas cegas e outros 4 milhões de deficientes visuais graves. Em todo o mundo, os índices são ainda mais assustadores: são cerca de 75 milhões de cegos e outros 225 milhões com baixa visão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Abril é o mês dedicado à uma grande campanha de conscientização e combate às doenças que causam cegueira, o Abril Marrom. A iniciativa surgiu em 2016 pelas mãos do Prof. Dr. Suel Abujamra, doutor em oftalmologia e ex-presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. O marrom foi escolhido por ser a cor de íris mais comum nos brasileiros.

Catarata lidera “ranking” entre doenças que causam cegueira

A catarata está em primeiro lugar entre as doenças oftalmológicas que podem levar à cegueira, com 47,8% dos casos evoluindo à perda total da visão. O problema é caracterizado pela perda progressiva da transparência do cristalino (considerado a lente natural do olho). Os casos mais graves podem ser revertidos através de cirurgia. O procedimento normalmente é rápido e indolor, com ótimos resultados.

Em segundo lugar aparece o Glaucoma, problema provocado pela elevação da pressão ocular. O Glaucoma não tem cura e pode levar à cegueira senão for diagnosticado a tempo e tratado de maneira adequada. É a segunda maior causa de cegueira no mundo, sendo responsável por 12,3% dos casos de perda de visão em adultos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 80 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com a enfermidade, cerca de 1% a 2% da população mundial. No Brasil, estima-se que o Glaucoma atinja cerca de 1 milhão de pessoas. As projeções não são nada animadoras: a OMS estima que 115,5 milhões de pessoas podem sofrer com o problema em 2040.

Outras doenças da visão que podem levar à cegueira:

Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) – Doença do fundo do olho que provoca lesão e desgaste na parte central da retina, chamada de mácula. Deixa a visão embaçada e faz surgir uma mancha escura nos olhos. A DMRI acomete pessoas acima de 50 anos, sendo uma das causas mais comuns de perda irreversível da visão central nos idosos, afetando tanto homens quanto mulheres.

Retinopatia Diabética – Caracterizada por uma lesão nos pequenos vasos sanguíneos que nutrem a retina – região do olho responsável pela formação das imagens enviadas ao cérebro. A Retinopatia Diabética ocorre quando os níveis de glicose no sangue estão muito elevados, propiciando dilatações e rompimentos das veias. A pessoa passa a ver pontos ou manchas fluentes, tem dificuldade de distinguir cores e enxergar à noite

Descolamento de retina – Emergência oftalmológica, ocorre quando a retina se descola da camada de vasos sanguíneos que fornecem o oxigênio e os nutrientes necessários. Os sintomas incluem o aparecimento de vários pequenos fragmentos (moscas volantes), flashes de luz repentinos ou sombra no campo de visão. Geralmente, o tratamento médico imediato pode salvar a visão no olho.

Prevenir é necessário

Para o oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná, Dr. Tiago Chichetti, a prevenção e consultas periódicas com um oftalmologista são essenciais para diminuir os índices de pessoas com cegueira ou baixa visão. “Nas consultas de rotina, podemos detectar algumas doenças que podem levar à cegueira, como o Glaucoma, por exemplo. Vários casos que evoluem até a cegueira poderiam ser evitados se houvesse diagnóstico precoce e tratamento adequado. Para quem não tem problema de visão, o ideal é se consultar no mínimo uma vez por ano. Quanto antes uma doença oftalmológica for detectada, maiores são as chances de tratamento e controle, evitando a perda total da visão”, explica Chichetti.

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