Em meio às diversas campanhas de conscientização sobre os malefícios do cigarro, um dado ainda surpreende e é desconhecido por grande parte da população: o tabagismo é o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de bexiga. Muitas vezes associado apenas a doenças cardiopulmonares, o hábito de fumar tem uma ligação direta e alarmante com este tipo de tumor do trato urinário, aumentando em até oito vezes a probabilidade de seu surgimento em comparação com não fumantes.
Esta relação é clara e cumulativa. O tempo de exposição ao tabaco é um fator crucial. Mesmo que a pessoa pare de fumar após muitos anos, o risco acumulado não parece diminuir significativamente. O perigo é ainda maior para consumidores de tabacos escuros e sem filtro, incluindo uma modalidade de consumo que tem ganhado popularidade entre os jovens: o narguilé. A água do reservatório do narguilé não filtra as substâncias tóxicas. Pelo contrário, a carga tabágica de uma sessão pode ser extremamente elevada, representando um grande perigo que muitos consideram inofensivo.
Sinais, Diagnóstico e Tratamento
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de bexiga acomete mais homens do que mulheres no Brasil, com uma faixa etária de maior incidência ao redor dos 60 anos, embora possa ocorrer em pacientes mais jovens, a partir dos 40. O sintoma mais comum e que serve de alerta é o sangramento vivo na urina. Em estágios iniciais, no entanto, o sangramento pode ser microscópico, detectável apenas por meio de um exame de urina.
Para a investigação, nem sempre os métodos de imagem tradicionais, como ecografia ou ressonância magnética, são capazes de identificar o tumor. O exame considerado padrão-ouro para o diagnóstico é a cistoscopia. Este procedimento endoscópico permite uma visualização direta e ampliada da mucosa da bexiga, possibilitando a identificação de lesões, mesmo as muito pequenas.
O tratamento inicial consiste, na maioria dos casos, na ressecção endoscópica do tumor. Realizada de forma minimamente invasiva, a cirurgia tem o duplo objetivo de remover a lesão e obter material para análise, o que permite determinar o grau de agressividade e a profundidade do tumor. Com base nesse estadiamento, a equipe médica define os próximos passos.
Como em qualquer tipo de câncer, a conscientização sobre os fatores de risco e a atenção aos sinais iniciais são fundamentais. Identificar a doença em seu estágio inicial permite tratamentos menos invasivos e com maiores chances de cura, preservando a qualidade de vida do paciente.

